Chega um dia em que você separa o bom do mau, o que faz falta e o que só esta a empatar, as opiniões que importam e as que só vêm incomodar, os verdadeiros dos que nunca quiseram saber de você. Chega um dia em que você aprende a lidar com as pessoas, em que você fica forte e se protege, em que você sabe qual palavra usar para cada um. Chega um dia em que alguém se apercebe que não consegue esquecer você, que você é especial. Chega um dia em que você deixa de procurar e espera que o procurem. Chega um dia que você percebe que quem tem que ficar fica, que se não voltar nunca lhe pertenceu. Chega um dia que você cresce e percebe que tudo depende de você.

Tenho saudades tuas, apetecia-me ter-te aqui agora comigo, no quentinho, enroladinhos na minha manta, pôr a cabeça no teu peito, sentir-te, apetecia-me. Tanto. Ficarmos ao escuro e a única coisa que íamos ouvir era a chuva lá fora e a nossa respiração. Apetecia-me tanto. Podes vir? Podes vir de novo? Não, não venhas, não quero mais. Ou quero, não sei quero tanto mas tão pouco, quero o teu antigo tu, não quero o novo, não gosto. Mas quero tanto tudo outra vez, como eras. Eu tinha a certeza que fazias tudo por mim. Quero tanto que venhas. Mas não venhas por favor. Ou vem. Mas é melhor não agora. Primeiro muda de novo para o antigo tu, depois sim, depois vem, por favor, vem.

Não me venham dizer que este é o antigo "tu" mas que eu nunca tinha conhecido. Não me tirem a única coisa positiva que tinha no meio disto tudo, o antigo "tu".
As nossas antigas recordações são tudo o que ainda tenho, tudo o que me resta e ainda me faz sorrir. Os nossos momentos únicos. Custa tanto imaginar-te a tê-los com outra pessoa se não eu, fazes ideia? Fazes ideia do quanto dói imagina-la sentada ao teu colo enquanto jogam aos sims no teu computador, na tua cadeira enorme, ela virar-se para ti para te distrair do jogo, beijar-te e provocar-te. Para não falar de todos os outros sítios que ela poderá vir a estar que eu já estive, sabes que o que mais me custa é a tua cama, a tua cama com aquela almofada que era a minha, nos lençóis tão quentes que nem era preciso uma manta mais quente, ela com a "nossa mantinha" como tu lhe chamavas. Talvez ela seja melhor que eu, talvez ela esteja sempre disposta a ir ver os teus jogos, talvez esteja sempre com vontade de fazer sexo, talvez dance contigo na discoteca como eu raramente dançava, talvez ela não se sinta mal rodeada de muita gente e não tenhas que ir lá para fora para ela poder respirar, talvez os teus pais gostem mais dela, talvez os teus primos falem mais com ela... Mas uma coisa é certa, ela jamais te poderá amar como eu amo.